Num jogo bom de palavras, o rapper Rico Dalasam manda a fita: aceite-se. Não dá pra ser outra, não. E pra quê, também? Tem tanto potencial para a gente desenvolver nessas nossas sementes meio tortinhas. E cada detalhe torto, quando encontra a terra é abertura pra raiz, caule, broto, flor, fruto e mais semente que vem desse tal “ser de verdade”.
Eu
Outro não dá pra ser
Sem crise, sem chance
Aceite uma dica
Aceite-C
(Aceite-C, Rico Dalasam)
Esse tem sido meu lema, meu tema, minha razão. E não porque eu seja expert nisso. Tenho sido especialista mesmo em tentar ser outra. A vida inteira a gente é ensinada que a nossa risada ou é alta ou é inexpressiva. Que falamos demais ou de menos. Que deveríamos subir no palco ou buscar menos holofote. A vida inteira vamos ouvindo que tem um monte de coisa que a gente deveria esconder e um monte de coisa que a gente não é, mas deveria ser. Tudo pra ser mais palatável. Coisa louca ter que ser palatável, né? Parece que o objetivo é mesmo nos mastigar. Mas pelo visto, vão ter mesmo é que me engolir. Cansei de me dobrar.
E tem essa busca por se encaixar, quando nem tem mais plateia. Aí que o bagulho fica louco mesmo. É quando a gente internaliza o papo predador. Quando nem precisa ninguém te dizendo pra se aprumar e mascarar. Não tem bandida, nem mocinha. Você mesma é a dona do chicote.
Nos últimos tempos, esse jogo tem ficado muito evidente. E resolvi pedir altas e sair da brincadeira, não tava divertido ser contorcionista pra caber em caixinha de fósforo. Eu to é querendo ver a fogueira acender. Tem sido uma busca bonita e doída – sem acento também. Leituras, conversas, estudos, terapias, risadas, aperreios, tropeços e momentos de descobertas que parecem instantâneas, mas vem sendo maturadas há muito e muito tempo, por vias subterrâneas e subcutâneas.
Fiquei pensando em como concluir esse texto. Mas ele não tem que ter fechamento, não. Ele é abertura. Para a gente seguir sendo.
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[Por que estamos exaustas?]
Uma conversa profunda sobre os sintomas que temos desenvolvido na atualidade (exaustão, perda de conexão consigo, falta de ânimo, falta de conexão com sua criatividade) e como o livro “Mulheres que correm com os lobos” aborda isso – como encontrar meios de sair dessa emboscada?
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Crédito ilustração: Vanja Vukelić