Exausta. Vela queimando em dois pavios. Por mais que existam fatores externos que poderiam ser adotados como “motivos”, percebemos que a exaustão vem de outro lugar mais fundo. Já se sentiu assim?
Logo no início do livro “Mulheres que correm com os lobos”, a escritora Clarissa Pinkola Estés descreve uma série de sintomas, que as mulheres têm sentindo cada vez mais:
“… sensações de extraordinária aridez, fadiga, fragilidade, depressão, confusão, de estar amordaçada, calada à força, desestimulada. Sentir-se assustada, deficiente ou fraca, sem inspiração, sem ânimo, sem expressão, sem significado, envergonhada, com uma fúria crônica, instável, amarrada, sem criatividade, reprimida, transtornada.
Sentir-se impotente, insegura, hesitante, bloqueada, incapaz de realizações, entregando a própria criatividade para os outros, escolhendo parceiros, empregos ou amizades que lhe esgotam a energia, sofrendo por viver em desacordo com os próprios ciclos, superprotetora de si mesma, inerte, inconstante, vacilante, incapaz de regular a própria marcha ou de fixar limites.”
30 anos depois da Clarissa escrever isso, ainda sentimos e continuaremos a sentir coisas assim, enquanto estivermos distraídas e isoladas.
Voltar para casa é urgente. Retomar o que nos revitaliza. Libertar nossa voz. Nossa capacidade de ver encanto. Nossa capacidade de sentir, estar presente, criar.
Tudo que passa pelo arquétipo da mulher selvagem, a percepção não-domesticada, nossa sensibilidade desperta, a força viva que estamos destinadas a ser. Pra reaver nosso impulso de vida, que transforma seiva em brotos e sementes, conduz energia para formação de mais raízes, expandindo pra cima e pro subterrâneo, vida que não se contém: se espalha e se entrega para o mundo. Vive seus ciclos por mais vida.